Voltando, mas não voltando...

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Já venceu meu prazo de 2 meses (não é mesmo Junior?) e infelizmente não deu em nada o concurso. Não que eu não tenha me esforçado, pois o fiz. Comprei apostilas e tudo. Mas esqueci de um detalhe importante: pagar a taxa de inscrição! O resultado foi que enquanto estudava recebi a notícia de que o prazo para pagar havia vencido e com isso eu não poderia mais realizar a prova. Muito legal isso não? rsrs

Mas então, agora volto por aqui. Mas, sinceramente, não sei se volto. Gosto de escrever e de pensar, mas o propósito inicial desse espaço se perdeu. Não tenho mais a intenção de discutir sobre Deus. Na verdade, já não creio que haja Deus! Para mim essa é uma verdade. Posso até admitir que exista uma "força", que une tudo no universo. Força essa que não é pessoal, mas sim a forma geral do todo. Seria como se todos fossemos UM. Partes vivas, e partes mortas, matéria e antimatéria, sendo tudo parte do mesmo material, o mesmo corpo. Se isso é Deus, então nós somos Deus! Não, não quero explanar um desejo de me tornar um ser divino, como pensam os mórmons. Tampouco expresso um pensamento panteísta, no sentido de querer dizer que tudo é Deus. A ideia que tenho tido é a de que todas as coisas são uma única coisa, e de que está tudo interligado, pois faz parte de uma unidade. Se há uma força que flui do todo e o torna um, e se essa força é o que se chama de Deus, então não penso que Deus está em tudo, mas sim que DEUS É TUDO, pois ele é o todo. O que tenho pensado, é que se há um Deus, ele não é transcendente, estando distante de nós, mas antes emana através do mundo, pois o mundo é ele.

Mas no fundo, isso não passa de pensamentos. É puro pensamento quântico, que tenho tomado conhecimento nos últimos meses, e tenha gostado.Talvez seja apenas um subterfúgio que tenho utilizado, para que ainda seja possível crer que há algo mais. No meu intimo eu já não creio em mais nada. Deus, diabo, anjo, céu, inferno, uma força superior, impessoal, porém inteligente...não! Não creio em nada disso. Por maior que seja o choque, muito mais para mim mesmo do que para os que me conhecem, eu não creio mais em nada disso.

Se for assim, para que continuar com este espaço? Creio que não há mais motivos para isso. Hoje, me considero Ignóstico. Portanto, se uma ideia coerente sobre Deus não for definida, inútil é tentar discutir sobre esse Deus.

Se eu voltar por aqui, não será para falar sobre as coisas de antes. Talvez, até dê alguns pitacos sobre religião, mas não quero ter isso como centro de meus estudos e pensamentos. Quem sabe eu até crie outro blog...não sei.

Gostaria apenas de agradecer aqueles que acompanharam esse que vos escreve, por algum tempo, e seja para ficar aqui, ou para um novo espaço, ficarei feliz que os mesmos amigos estejam apreciando meu trabalho.

Paz e bem a todos.

Off!

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Não postarei por aqui por uns 2 meses, pois preciso estudar para um concurso público! Assim que passar o concurso voltaremos aos pensamentos...! 


Desejem-me sorte!

Paz e bem a todos...

Cantando ao redor do mundo!

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Stand By Me cantado ao redor do mundo, COM MAESTRIA! Contra o racismo e por um mundo unido!




Recebi um selo!

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Fui agraciado por meu amigo Junior recebendo a indicação do selo "Grandes Pensadores Da Blogosfera"

Me sinto muito honrado, não apenas pela indicação, mas por ter sido indicado por um cara que eu admiro muito e considero um verdadeiro pensador! Muito obrigado Junior, que possamos continuar pensando e repensando e buscando maior entendimento sobre Deus e a vida.

Abaixo trascrevo as regras estabelecidas pelo criador do selo Grandes Pensadores da Blogosfera indicando outros que considero ótimos pensadores..

Escolher pelo menos outros 5 blogs que condigam coma a idéia desta premiação;
Entrar em contato com os blogs premiados;
Montar uma postagem explicativa, nos moldes desta;
Ter o link do blog que o indicou;
Manter o link do selo direcionado para este post;
Apresentar os blogs homenageados;

Indicando....

1 – Wellington/Clécio “Vida De Discípulo
2 – Marcelo Dalla “Dalla Blog
3 – Alexandre Montagna "Alexandre Montagna"
4 – René Vaconcelos “Papo de Teólogo
5 – “Amando Ao Próximo

Que o desejo de pensar seja uma constante em nossas vidas!

Paz e bem, a todos!

Roubará o homem a Deus? (3ª Parte)

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Estive pensando se retomaria o assunto do dízimo para concluí-lo. Eu sinceramente não o faria, porém, nos últimos dias conheci pessoas que me deram certo incentivo. Wellington e Clécio, amigos cristãos que me incentivaram a continuar com minhas buscas, independente do fato de que nossas crenças seguem por linhas diferentes. É por esse motivo que concluirei essa postagem, de forma que os cristãos possam ter uma nova visão com relação ao tão recente dogma do dízimo.

Nas duas primeiras postagens foi exposto que:

-As primeiras ocorrências do dízimo na bíblia, os casos de Abraão e Jacó, foram situações esporádicas, seguindo tradições culturais ou votos particulares com Deus;
-A obrigatoriedade do pagamento de dízimos foi promulgada no ato da concessão da lei aos Israelitas;
-Os dízimos eram alimentos, utilizados para o sustento dos levitas, o sustento de festas religiosas e a ajuda aos pobres, viúvas e estrangeiros;

Dessa forma, veremos agora se o dízimo é uma obrigatoriedade ao cristão, e se não o for, como o cristão deve encarar o dízimo.

Sendo o dízimo uma obrigatoriedade apenas através da instituição da lei mosaica, para responder a pergunta da obrigatoriedade do mesmo para os cristãos é necessário primeiro compreender que a lei mosaica foi um pacto instituído entre YHWH e os Israelitas. Apesar do correto pensamento cristão de que muito do que é encontrado na lei mosaica é útil como ensinamento ético e moral para toda a humanidade, é inegável o fato de que todos os 613 preceitos encontrados na lei mosaica são destinados a como a comunidade de Israel deveria viver.

Acredito que chega a ser redundância apresentar versículos como forma de comprovar que a lei foi estabelecida entre Israel e YHWH, pois nos próprios textos citados na 2ª parte deste estudo, já era claro o fato de que tantos os que receberam a ordem de pagar os dízimos quanto os que os recebiam eram integrantes da comunidade judaica, não havendo qualquer menção da obrigatoriedade da lei para os outros povos. Porém veremos alguns casos.

Podemos tentar encontrar, na lei mosaica, algum mandamento que não seja destinado aos Israelitas, porém no máximo veremos referência a estrangeiros e servos. Encontramos em êxodo 22:21 um exemplo:

“O estrangeiro não afligirás, nem o oprimirás; pois estrangeiros fostes na terra do Egito.”

É claro que, segundo os relatos bíblicos, são os Israelitas que foram estrangeiros na terra do Egito. Podemos encontrar a mesma recomendação em êxodo 23:9:

“Também não oprimirás o estrangeiro; pois vós conheceis o coração do estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito”

Outro exemplo pode ser visto com relação ao mandamento da guarda do sábado:

“Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações por aliança perpétua.” Êxodo 31:16
“Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito, e que o SENHOR teu Deus te tirou dali com mão forte e braço estendido; por isso o SENHOR teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sábado” Deuteronômio 5:15

É importante saber que O termo וגרך (V'gerkhá), encontrado em Êxodo 20:10, significa ‘E teu convertido’, tendo sido traduzido como "nem o estrangeiro".

Temos então nesses casos, a explicita referência de que os preceitos contidos na lei mosaica são aplicados a vida do povo Israelita, o qual foi tirado do Egito por YHWH e possui um pacto eterno com o mesmo.

Portanto, se a lei é um estatuto perpetuo entre Israel e YHWH qual participação tem os cristãos com o dízimo? Nenhuma! O cristianismo não possui levitas (tribo de Levi) que precisem ser sustentados, não participa da festa do dízimo, pois reconhece que a mesma se trata de comemoração judaica, não paga o dízimo na proporção de 23,3% de sua renda ao ano e poucas são as igrejas que utilizam seus dízimos como auxílio aos pobres e necessitados.

Então, se o dízimo não é obrigatório como fica o texto de Malaquias que abriu essa discussão, é o que veremos agora.

“Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas.” Malaquias 3:8

Agora que temos uma visão mais clara acerca de quem era obrigado a pagar o dízimo, poderíamos deduzir que no versículo citado acima se alguém estava roubando a Deus era um Israelita, pois somente eles tinham e tem a obrigação de cumprir os preceitos de sua aliança. Porém, há outros pontos no livro de Malaquias que precisam ser atentados para que tenhamos uma melhor compreensão do texto.

Primeiramente, notemos para quem é destinado o livro de Malaquias:

“O filho honra o pai, e o servo o seu senhor; se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o meu temor? diz o SENHOR dos Exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome. E vós dizeis: Em que nós temos desprezado o teu nome?” Ml 1:6

“Agora, ó sacerdotes, para vós outros é este mandamento. Se o não ouvirdes e se não propuserdes no vosso coração dar honra ao meu nome, diz o SENHOR dos Exércitos, enviarei sobre vós a maldição e amaldiçoarei as vossas bênçãos; já as tenho amaldiçoado, porque vós não propondes isso no coração.” Ml 2:1-2

“Assentar-se-á como derretedor e purificador de prata; purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata; eles trarão ao SENHOR justas ofertas.” Ml 3:3

O sacerdócio pertencia a tribo de Levi. Portanto o texto acima esclarece o fato de que para IHWH são os sacerdotes que precisam ser purificados.

Portanto, temos a evidência de que o livro de Malaquias é destinado aos sacerdotes. Prosseguindo na leitura de Malaquias 3 encontraremos o que motivou as exortações encontradas no livro:

“Chegar-me-ei a vós outros para juízo; serei testemunha veloz contra os feiticeiros, e contra os adúlteros, e contra os que juram falsamente, e contra os que defraudam o salário do jornaleiro, e oprimem a viúva e o órfão, e torcem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o SENHOR dos Exércitos” Ml 3:5

Como vimos anteriormente os dízimos pagos pelos Israelitas além do sustento do Levita e das festas religiosas eram utilizados justamente para ajudar a viúva, o órfão e o estrangeiro, citados no texto acima. Com isso entendemos o “roubo” que tem sido realizado contra YHWH. Os sacerdotes portanto, são aqueles que estão roubando a Deus, pois, provavelmente estão se aproveitando dos dízimos e das ofertas alçadas para seu benefício próprio, deixando de lado os outros beneficiados(viúvas, pobres e estrangeiros). Dessa forma, como sempre foi no tratamento de YHWH com Israel, o pecado dos lideres leva a maldição de toda a nação:

“Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação toda.” Ml3:9

Assim chegamos ao famigerado versículo 10, no qual encontramos a ordem do pagamento dos dízimos:

“Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida. Por vossa causa, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos. Todas as nações vos chamarão felizes, porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o SENHOR dos Exércitos” Ml 3:10-11

Com o que foi exposto até aqui sabemos que o significado do texto é:

‘Tragam seus dízimos ao meu templo, de forma que os sacerdotes ofereçam os sacrifícios e os levitas, as viúvas, os pobres e os estrangeiros sejam assistidos em suas necessidades. E provem-me, se eu não fizer com que haja chuva suficiente para que sua terra seja abençoada e dê muitos frutos, de forma que todas as nações reconheçam sua felicidade e vejam como sua terra é frutífera”

Então, temos que o texto mais utilizado como prova de obrigatoriedade do dizimar, a custo de o que não o fizer ser considerado um “ladrão”, trata-se na verdade de um texto direcionado a liderança fraudulenta de Israel.

Temos ainda o testemunho dos primeiros 200 anos da igreja cristã apresentado no livro “Tem a Igreja a Obrigação de Ensinar a Dizimar?", escrito pelo Ph. D. Russel Earl Kelly:

“Clemente de Roma (c95), Justino, o Mártir (c150), Irineu (c150-200) e Tertuliano (c150-200), todos se opunham ao dízimo por ser estritamente uma tradição judaica. O Didaquê (c150-200) sancionava aos apóstolos itinerantes que ficavam mais de três dias e depois pediam dinheiro. Os viajantes que decidiam se combinar com eles viam-se obrigados de aprender um ofício”

Se as colocações expostas até aqui são dignas de aceitação, o cristianismo deve ver o dízimo de forma muito diferente do que tem visto. Penso que a contribuição dos membros para o sustento de uma comunidade cristã é algo correto, porém o mesmo não pode ser feito de forma obrigatória, com ameaças de punição divina. As contribuições podem ser em forma de dízimo, sem problemas, desde que se tenha a conciência de que é apenas uma contribuição e não uma ordem divina.

Cabe a cada cristão optar por ser um dizimista ou não, mas aos que leram os estudos expostos nesse blog, já não há motivos para pagar dízimos por medo de estar desobedecendo a uma ordem de Deus, pois, como foi exposto, se há uma obrigação de ser dizimista essa mesma existe somente aos judeus. Se você deseja ser dizimista não por medo ou obrigação, mas por acreditar nas obras praticadas por sua comunidade e por ter o desejo de contribuir com a mesma, creio que as recomendações do Pr. Ricardo Gondim são muito boas:

“Faça essa simples auditoria antes de investir o seu suor em qualquer igreja ou ministério:
Quanto tempo é gasto no culto para pedir dinheiro?A hora do ofertório vem acompanhada de uma linguagem com “maldição, gafanhoto ou licença legal para ataques do diabo”?Prometem-se “prosperidade, colheita abundante, bênção, riqueza”, para os que forem fiéis?Existe alguma suspeita na administração dos recursos arrecadados? – Lembre-se que há dois níveis de integridade: o ético e o contábil. Não basta manter os livros em ordem; o dinheiro também só pode ser gasto no que foi arrecadado.”

Roubará o homem a Deus? Não, não roubará, mas dando seu dinheiro em mãos erradas o homem também não está contribuindo com a ajuda aos necessitados.

Anderson L. Santos Costa

Vivendo sem Deus

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Lembrei-me de uma reflexão que tive quando assisti o filme “Deus É Brasileiro", e farei uma exposição da mesma, aqui.

Para quem não assistiu o filme, o mesmo se trata de uma estória na qual Deus vem a terra com o intuito de encontrar um substituto para ele, a fim de que o Todo-Poderoso possa tirar férias. Esse substituto já foi escolhido e Deus apenas está a procura do mesmo, pois por ser um homem muito nobre ele está constantemente mudando sua localização devido a suas atividades humanitárias.

O que me levou a reflexão e que, para mim, é o clímax do filme foi o momento do encontro entre Deus e seu escolhido. Ao contrário do esperado, o escolhido rejeita o seu chamado e por um motivo no mínimo curioso: Ele é ateu!

Em meio a gargalhadas minha mente começou a raciocinar. Comecei a me perguntar sobre a lição que aquela simples cena me trazia.

É necessária uma crença religiosa para que o homem tenha uma conduta reta? Deve o homem orientar sua vida e seus princípios por uma consciência de estar sendo "monitorado" por um Deus inclemente e que está pronto para recompensá-lo com vida eterna, caso pratique o que é justo, ou sofrimento eterno, caso pratique a injustiça? Minha resposta pessoal é não.

É muito difícil para mim, que tive formação cristã, crer que existe algum tipo de bondade inerente ao homem. Afinal, fui ensinado que o homem é de natureza má e que só quer fazer o mal, sendo incapaz de buscar fazer o bem (Rm 3:12). Porém, mesmo recebendo estes ensinos eu sempre pensei que Deus não é motivo para que eu faça o que é certo. Como dizia, nas aulas bíblicas de domingo, meu amigo Pr. Paulo “ninguém precisa ser crente para fazer o que é certo, pois tanto crentes quanto incrédulos sabem o que é certo e o que é errado”. É interessante pensar que de certa forma a própria bíblia não discorda dessa idéia. Vemos Paulo de Tarso defendendo a idéia de que independente da fé em Deus, cada ser humana possui uma lei interna que o instrui sobre o que é certo e o que é errado:

“Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” Rm 2:14-15

Não sigo a mesma linha de pensamento de Paulo, pois ao contrário do apóstolo de Cristo minha atenção está na vida terrena e não em um possível julgamento futuro. Com a idéia de que a consciência sobre o que é certo e o que é errado se faz presente na natureza humana, eu penso que não apenas é possível como também é necessário que o homem busque praticar o que é bom não para tentar agradar a algum tipo de divindade e sim como contribuição a paz e o desenvolvimento da humanidade. A necessidade de pessoas boas e solidárias no mundo deve ser o motivo para as obras filantrópicas e não o desejo de obtenção de um galardão em uma futura vida celestial.

De certa forma compreendo as palavras de John Hick em seu livro “O Mal e o Deus do Amor”:

“O mundo deve ser para os homens, pelo menos até certo ponto, etsi deus non daretur, “como se Deus não existisse”.”

John Hick trabalha com a idéia de que o mal existente no mundo é prova de que Deus está presente no mundo, porém se faz ausente. Para John, a vida humana deve ser vivida como se não houvesse um Deus cuidando do mundo, e dessa forma o mal deve ser entendido como causa/conseqüência dos atos humanos, não tendo responsabilidade divina. Ele trabalha com a idéia de que para dar liberdade ao homem Deus precisa mantê-lo afastado. Para complementar seu pensamento, cito a continuação do mesmo texto:

“Ele precisa ser cognoscível, mas apenas por um modo de conhecimento que implique uma resposta livre da parte do homem, consistindo essa resposta em uma atividade interpretativa não-compelida através da qual experimentamos o mundo como realidade que media a presença divina”.

A idéia de John H. é muito interessante, e possui certa relatividade com o que pensava o teólogo luterano Dietrich Bonhoeffer:

“Nossa maioridade nos conduz a um verdadeiro reconhecimento de nossa situação diante de Deus. Deus quer que saibamos que devemos viver como quem administra sua vida sem ele. O Deus que está conosco é aquele que deserta de nós. O Deus que nos permite viver no mundo sem a hipótese funcional de Deus é aquele diante do qual permanecemos continuamente. Diante de Deus e com Deus, vivemos sem ele.”

Assim como John Hick, Dietrich Bonhoeffer nos diz que devemos viver crédulos da existência de Deus, porém como se ele não existisse. Dietrich entende que Deus não pode nos ajudar nesse mundo, e justamente por isso é necessária uma forma de viver como se Deus não existisse. O motivo para fazer o que é bom não é o intuito de agradar a Deus e obter alguma recompensa do mesmo, pois, para Dietrich, Deus não pode fazer nada por nós nesse mundo.

Dessa forma, Deus não deve ser o motivo para que tenhamos uma conduta reta. Nem medo de punição nem desejo de retribuição devem servir de combustível para as boas ações. Não acho tão nobres as boas ações que são motivadas por medo de um sofrimento eterno ou com o intuito de obter retribuição divina. Acredito que é muito mais nobre aquele que pratica o que é bom simplesmente por saber que isso é o melhor para ele e para todos.

Concluo minha reflexão crendo que existe bondade sem crença em Deus. Creio na existência de Deus, mas procuro tomar minhas decisões fora da lógica agrada/desagrada Deus. Portanto vivo, na presença de Deus, sem Deus.

Anderson L.

Fontes utilizadas:
O Mal E O Deus Do Amor - John Hick
Um Novo Cristianismo Para Um Novo Mundo - John Shelby Spong

Histórias de Amor

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Vi o texto abaixo no blog do Marcelo Dalla. Achei muito interessante e resolvi postar aqui.

Histórias de Amor

A formiga vivia entediada, seu serviço de cortar folhas e andar sempre em fila era muito maçante. Mas um dia tudo foi diferente: a pata gigantesca de um elefante pisoteou as companheiras que marchavam mais adiante e ela escapou de ser esmagada por um triz. Fascinada pela experiência de se defrontar com animal de tamanho poder, a formiga não conseguia deixar de pensar no elefante. Nunca tinha visto aquele ser enorme tão de perto e precisava repetir a experiência, tentar se aproximar mais uma vez. Sempre que podia, disfarçava e fugia do serviço. Ficava horas no mesmo local esperando, numa louca expectativa. Dias depois avistou o animal, que se tornava maior e maior na medida em que se aproximava. A pobre formiga enlouqueceu. Delirava, num sonho quimérico de se tornar uma fortaleza ambulante. Paralisada, não conseguiu se desviar de suas patas e dessa vez morreu esmagada também. Lá se foi o elefante, sem sequer imaginar que matou a criatura que mais o idolatrava na face da Terra.

(A tirinha é de Fernando Gonsales)


Após ler o texto eu me pergunto: Por que idolatramos tanto os elefantes que nem se quer sabem que existimos e pisoteamos as formigas que nos amam?

Fonte: http://marcelodalla.blogspot.com/2009/04/historias-de-amor_29.html

Verdades que estão além da religião.

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Ultimamente tenho pensado muito em questões que costumava ignorar quando era um “evangelista”. Até que ponto as palavras de Jesus, encontradas no Evangelho segundo Mateus, tem sido praticadas?

"Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me...Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes."

São questões como essa que tem me feito expandir meus pensamentos, e chegar a conclusão de que há verdades que estão muito além de qualquer religião. Passarei a descrever, de forma pluralista, o que, para mim, são verdades axiomáticas que merecem muito mais atenção de todos nós, do que a atenção que temos dado a nossos conceitos teológicos.

É impossível começarmos uma apresentação sobre verdades que estão além da religião sem a tão famosa ‘regra de ouro’. Entende-se como regra de ouro, o conceito ético da reciprocidade. De longe, esse é um dos únicos se não o único conceito que várias religiões têm em comum. Não tenho o menor interesse em saber qual foi à primeira religião que realmente teve esse conceito como original, e se o mesmo foi apenas repetido por grandes sábios. Antes, importa saber o quanto esta regra pode influenciar nossas vidas e o mundo.

No confucionismo a regra de ouro é proveniente do conceito Jen. Segundo o sistema ético elaborado pelo sábio Confúcio, o conceito Jen abarca a idéia de humanidade, bondade, benevolência ou as qualidades do homem para com o homem. Encontramos mos Analectos o seguinte trecho:

Tzu-Kung perguntou: “Há uma única palavra que pode ser um guia de conduta ao longo da vida de uma pessoa?”. O mestre disse: “Talvez a palavra ‘Shu’. Não imponha aos outros o que você não deseja para si mesmo”. Confúcio. Os Analectos, XV, 24.

Encontramos o mesmo princípio de Confúcio nas obras Budista e Hinduísta:

Não atormentes o próximo com o que te aflige - Udana-Varga 5:18

Esta é a suma do dever: não faças aos outros aquilo que se a ti for feito, te causará dor - Mahabharata (5:15:17)

Biblicamente, podemos encontrar esse conceito implicito no livro de Leviticos, na forma de 5 mandamentos, como bem comenta o Rábi Holffmann em seu comentário “O Livro Levítico”:

1 - Não odeies o teu irmão no teu coração!
2 - Pede explicações ao teu próximo!
3 - Não te vingues!
4 - Não guardes rancor contra ele!
5 - Ama o teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18).

Ainda no judaísmo, podemos citar um trecho do Talmude Babilônico no qual o sábio Hillel se utiliza da regra de ouro em sua didática:

“Aconteceu um dia que um não-judeu chegou ao grande rabino Shammai e lhe disse: Faz-me prosélito (convertido [ao Judaísmo]) sob a condição de que me ensines a Toráh inteira, durante fico parado em um pé só. Esse o empurrou com o bastão que tinha na mão. A seguir veio a Hillel, e este o fez prosélito e lhe disse: O que tu não estimas [que te façam], isso também não faças ao teu próximo. Isso é toda a Tora, e todo o restante não é senão explicação: vai e a aprende!” (Talmude Babilônico, Sabbat 31ª).

Ainda em harmonia com a regra de ouro, cito o nobilíssimo Ghandi, que em seu elevado sentido de humanidade expôs ao mundo como a lei do talhão(olho por olho e dente por dente), encontrada até mesmo na bíblia, é nociva ao mundo:

“Olho por olho e o mundo terminará cego”

Com tudo que foi exposto até aqui, poderíamos com certeza deduzir que se o que a valiosa regra de outro ensina fosse praticado por todos os homens, teríamos um mundo muito melhor. Porém, os ensinos expostos até então, tratam de mandamentos negativos. Em toda sua sabedoria, Ghandi, Zoroastro, Hillel, Confúcio e tantos outros aplicaram seus ensinamentos acerca da regra de ouro, na forma de recomendar o que não devemos fazer aos nossos próximos. Por mais que o fato de deixarmos de fazer algo nocivo a alguém, já caracterize uma forma de ação, a forma de negação da regra de ouro expressa até aqui, nos faz sermos meros coadjuvantes, já que deixando de fazer algo, não poderíamos nos julgar como agentes ativos de uma transformação, tal qual o mundo necessita.

Mas temos ainda mais homem, que deu sua contribuição com relação a regra de ouro. Em seu famoso sermão da montanha encontramos o carpinteiro de Nazaré expondo sua visão acerca da regra de ouro:

“Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.” Mt 7:12

Assim como os outros sábios anteriormente citados, aqui, Jesus se utilizou da regra de ouro em seus ensinamentos, porém, encontramos em suas palavras uma forma muito elevada da regra. Jesus vai além do que propõem os outros sábios. Para ele, não é apenas uma questão de que não façamos o que não queremos que nos façam. Antes, Jesus vê a necessidade de uma ação da parte do homem. Aquilo que queremos que nos façam, é justamente o que devemos fazer ao nosso próximo! Pela ótica de Jesus, nós não devemos apenas evitar fazer coisas ruins aos outros, mas antes buscar oportunidades para ativamente fazer o bem.

Temos então, com a contribuição de Jesus, um conceito magnífico que permite que sejamos agentes de uma transformação. É triste, porém, constatar que aqueles que se intitulam seus seguidores, inclusive eu, estão tão abaixo da meta estabelecida por ele.

Espero que a regra de ouro da forma ensinada por todos os grandes sábios e lideres religiosos citados, nesse texto, possa ser significativa para nossas vidas, pois sem dúvida essa é uma verdade que está muito além de qualquer religião.

Anderson L Santos Costa

Um manual de instruções para a vida.

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Nos últimos dias tenho preparado vários textos que dentro de uma ou no máximo duas semanas começarei a postar por aqui. Em meio às pesquisas que tenho feito, em outros blogs, encontrei um vídeo no blog do Alexandre Montagna que expressa de forma excelente o pensamento pluralista que tenho aprendido a apreciar.
(O video está em inglês, mas basta ativar a legenda, na seta apontando para o topo, no canto inferior esquerdo da tela do youtube)


Esse vídeo, que trata da questão do proselitismo e exclusivismo religioso, expressa como tenho pensado, e posso dizer que o mesmo é um prelúdio para os textos que serão postados por aqui nos próximos dias. Espero que possamos começar a pensar fora da caixa, que nos foi imposta com limites de pensamento. Espero, sinceramente, que possamos reconhecer que não existe um único manual, e que ninguém é detentor das formas corretas de se viver.

Anderson L. Santos Costa

Fonte: http://alexandremontagna.com/blog/arquivo/melhor-video-sobre-proselitismo-instruction-manual-for-life-espetacular/

Roubará o homem a Deus? (2ª Parte)

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Na primeira postagem sobre o dízimo, fiz uma breve exposição sobre qual a primeira ocorrência do dízimo na bíblia. Foi mostrado como as primeiras ocorrências do ato de se pagar o dízimo não passaram de questões culturais, ou de votos individuais com Deus, não podendo assim se utilizar os casos de Abraão e Jacó de forma a dar ao dízimo uma obrigatoriedade legal. Portanto, vamos então a próxima pergunta:

Quando o dízimo passou a ser obrigatório? Como era o dízimo e para que era utilizado?


Seguindo pela cronologia bíblica, notamos que a obrigatoriedade do dízimo foi instituída juntamente com a lei de Moisés. Vemos na lei que existiam no mínimo três tipos de dízimo:

Um dízimo do produto da terra para sustentar os levitas, que não tinham herança em Canaã:

“Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do SENHOR; santas são ao SENHOR. Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao SENHOR.” Levitico 27:30-32

“Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao SENHOR em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão.” Números 18:24


Um utilizado para patrocinar festas religiosas em Jerusalém. Se o produto pesasse muito para ser levado a Jerusalém, poderia ser convertido em dinheiro:

“Certamente darás os dízimos de todo o fruto da tua semente, que cada ano se recolher do campo. E, perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao SENHOR teu Deus todos os dias. E quando o caminho te for tão comprido que os não possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o SENHOR teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o SENHOR teu Deus te tiver abençoado; Então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o SENHOR teu Deus; E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa; Porém não desampararás o levita que está dentro das tuas portas; pois não tem parte nem herança contigo.” Deuteronômio 14:22-27

Um dízimo do produto da terra arrecadado a cada três anos para os levitas locais, órfãos, estrangeiros e viúvas:

“Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os recolherás dentro das tuas portas; Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o SENHOR teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem.” Deuteronômio 14:28-29

Concordo com Frank Viola quando ele afirma que o dízimo como instituído pela lei, foi uma espécie de imposto de renda. Afinal, notamos que além do dízimo comum existia também um dízimo que era pago a cada três anos. Dessa forma os israelitas não pagavam apenas 10%, e sim 23,3% pois se fizermos uma proporção anual juntando os dízimos anuais mais os dízimos pagos a cada três anos, chegamos a 23,3% ao ano. Cito ainda Frank Viola em seu livro “Cristianismo Pagão”, no qual ele faz um claro paralelo entre os dízimos instituídos pela lei e o sistema tributário moderno:

“Pode-se traçar um claro paralelo entre o sistema do dízimo de Israel e o sistema moderno de tributação no Brasil. Israel era obrigado a sustentar seus funcionários públicos (sacerdotes), feriados (festivais), e pobres (estrangeiros, viúvas e órfãos) com seus dízimos anuais. A maioria dos modernos sistemas de tributação serve ao mesmo propósito.”

Apenas pelos textos já expostos temos também outra resposta às perguntas iniciais. O dízimo segundo a lei sempre foram alimentos! Mesmo no caso de dificuldade para se levar os dízimos até Jerusalém, o permitido era que se vendessem os mesmo, e ao chegar a Jerusalém o dinheiro fosse revertido na compra dos alimentos necessários para a festa dos dízimos.

Tendo essas primeiras parciais com relação ao dízimo, algumas perguntas já podem, e devem ser feitas a nós mesmos:

Hoje os dízimos nas igrejas são pagos em proporção de 23,3% ao ano?
Parte dos dízimos pagos são utilizados para sustentar os funcionários da igreja, sejam eles pastores, diáconos, zeladores, músicos, faxineiros, etc.?
Parte dos dízimos pagos são utilizados para patrocinar algum tipo de festa religiosa de gratidão a Deus pelos rendimentos adquiridos?
Parte dos dízimos pagos são utilizados para ajudar os pobres?

Analise a igreja na qual você paga seus dízimos, e se as quatro perguntas acima obtiveram não como resposta você já sabe que não é da bíblia que a igreja tira sua base para a prática do dízimo.

Na próxima postagem concluiremos demonstrando qual a aplicação do dízimo aos cristãos.

Anderson L. Santos Costa

Criação humana ou criação divina?

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Seriam os homens uma criação divina, ou seriam os deuses uma criação humana?

Em todas as religiões notamos que independente de suas variações os deuses possuem um desejo frenético de receber adoração de suas criações. O deus cristão é tão fissurado pelo sentimento de ser adorado, que em seu céu todos os seus escolhidos viverão somente para adorá-lo.

Vemos no deus hebreu, uma figura inclemente que não suporta ter "sua glória" dividida com ninguém. Ao ver pessoas adorando o nada(já que o mesmo afirma que somente ele é deus e os outros são obras de mãos humanas), ele não se contém e utiliza de todas as formas possíveis para matar os povos que adoram outros deuses, fazendo com que seu "povo escolhido" cometa todo tipo de chacina e execução, de bebês a anciãos das nações pagãs, que adoram outros deuses.

O deus islâmico declarou “guerra santa” a todas as nações que não o servem. Talvez esse seja o deus que comumente mais se crítica devido a sua forma autoritária de exigir adoração a si, e de querer o fim de seus inimigos. Porém, esquece-se que grande parte da culpa de tal guerra é dos “cristãos” que durante as cruzadas desejaram “converter” os muçulmanos ao cristianismo através de força e autoritarismo. Digamos que a diferença é que os seguidores de Alá praticam hoje o que os seguidores de Jesus e de Javé praticaram no passado.

Os deuses determinam que a justiça está ligada aos que os adoram. Quem não adora a seu criador é injusto, independente do que faça. Se você não adora o deus criador, suas obras, para ele, tornam-se trapos.

Estive então refletindo nos últimos dias. O desejo de ser adorado é uma característica humana ou divina?

Sabemos que não importa como, gostamos de ser elogiados, cortejados e termos nossos egos massageados. Nada é melhor do que notar que alguém nos admira, ainda que isso seja comparado ao que entendemos por adoração. Podemos ver isso no famoso personagem bíblico Daniel. Futuramente Daniel se negaria a deixar de se prostrar a Javé, reconhecendo o mesmo como seu Deus, porém quando o rei Nabucodonosor prostrou-se para adorá-lo, o mesmo não fez qualquer ressalva, recebendo assim a adoração do rei de bom agrado:

“Então o rei Nabucodonosor caiu sobre a sua face, e adorou a Daniel, e ordenou que lhe oferecessem uma oblação e perfumes suaves.” Daniel 2:46

Não vejo esse fato como motivo para considerar Daniel como injusto, ou como adorador de deuses estranhos. Antes percebo como o desejo de ser adorado, ainda que errado, é uma característica humana.

Os grandes lideres, sejam militares, religiosos ou políticos possuem tremenda sede pelo poder justamente pelo desejo de se sentirem como deuses, que são aclamados e adorados por todos os que os admiram. Vemos o profeta Ezequiel reprimindo esse desejo no príncipe de Tiro:

“Filho do homem, dize ao príncipe de Tiro: Assim diz o Senhor DEUS: Porquanto o teu coração se elevou e disseste: Eu sou Deus, sobre a cadeira de Deus me assento no meio dos mares; e não passas de homem, e não és Deus, ainda que estimas o teu coração como se fora o coração de Deus;” Ezequiel 28:2

Portanto duas possibilidades habitam meus pensamentos:

Se o desejo de ser adorado é uma herança que o homem recebeu de seu criador, então o homem que deseja ser tratado como deus, sendo adorado e servido, não está pecando, mas sim sendo igual a seu criador.

Ou então,

Se o desejo de ser adorado é uma característica do egoísmo humano, os deuses, incluindo o cristão, possuem centralizados em seu ser uma característica humana, e isso é um enorme indício de que John Shelby Spong está correto ao afirmar que “a definição teística de Deus é criação humana”.

Portanto, seriam os homens uma criação divina ou seriam os deuses uma criação humana?

Essa é uma pergunta que assombra a muitos, mas que desejo começar a tratar. Afinal, não se pode fazer theóslogia sem tratar das questões que envolvem o caráter do Deus que conhecemos.

Anderson L. Santos Costa

Roubará o homem a Deus?

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Qual cristão não conhece as palavras acima não é? Durante alguns anos de minha infância o versículo que traz esta frase foi um dos que eu mais escutava durante os cultos de uma certa denominação que frequentei quando criança. É claro que ele vinha acompanhado com a promessa da benção como vemos nos versículos seguintes
"Trazei todos os dízimos a casa do tesouro, para que nela haja mantimento, e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas dos céus e derramar bênçãos sem medidas".

Eu não sou muito bom para decorar versículos. Costumo ter os textos em minha cabeça por inteiro, pois é a forma que os visualizo. Então, para mim é algo maravilhoso decorar três versículos, pois acreditem, transcrevi esses três versículos, do terceiro capítulo do livro do profeta Malaquias, de cabeça! Mas ao mesmo tempo em que é maravilhoso se torna nauseante imaginar que praticamente o único texto que decorei, é um dos textos que supostamente apóiam a idéia de que o dízimo possui uma obrigatoriedade legal para Deus, e que nos permite barganhar com o Altíssimo.

Passaremos então a discutir sobre um dos grandes ídolos do cristianismo. O dízimo! As questões abaixo serão respondidas em 4 postagens, de forma que possamos ter uma melhor compreensão sobre o dízimo em relação as doutrinas cristãs.

Qual a primeira ocorrência do dízimo na bíblia?
Quando o dízimo passou a ser obrigatório?
Como era o dízimo? Para que era utilizado?
Quem estava autorizado a recebê-lo?
É o dízimo uma obrigatoriedade ao cristão?
Como o cristianismo deve encarar o dízimo?
Após termos todas estas perguntas respondidas, poderemos fazer uma interpretação muito mais sincera de Malaquias 3:8-10. Comecemos então.

Qual a primeira ocorrência do dízimo na bíblia?
Encontramos a primeira referência bíblica sobre o dízimo em Genesis 14:18-20:

“Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo; abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo.”

O contexto precedente deste texto se trata de uma batalha histórica entre 8 grandes reinos, tendo sido os mesmos divididos em 2 grupos de quatro reis: Anrafel, rei de Sinar, Arioque, rei de Elasar, Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goim batalharam contra Bera, rei de Sodoma, Birsa, rei de Gomorra, Sinabe, rei de Admá, Semeber, rei de Zeboim, e contra o rei de Bela. Como veremos nos versículos de 12 a 14, Ló o sobrinho de Abraão foi feito prisioneiro de guerra, sendo esse o motivo que levou Abraão a participar do combate.

“Apossaram-se também de Ló, filho do irmão de Abrão, que morava em Sodoma, e dos seus bens e partiram. Porém veio um, que escapara, e o contou a Abrão, o hebreu; este habitava junto dos carvalhais de Manre, o amorreu, irmão de Escol e de Aner, os quais eram aliados de Abrão. Ouvindo Abrão que seu sobrinho estava preso, fez sair trezentos e dezoito homens dos mais capazes, nascidos em sua casa, e os perseguiu até Dã.”

Abraão então consegue resgatar Ló e seus bens, e retorna:

“E, repartidos contra eles de noite, ele e os seus homens, feriu-os e os perseguiu até Hobá, que fica à esquerda de Damasco. Trouxe de novo todos os bens, e também a Ló, seu sobrinho, os bens dele, e ainda as mulheres, e o povo. Após voltar Abrão de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele, saiu-lhe ao encontro o rei de Sodoma no vale de Savé, que é o vale do Rei” 15-17

Chegamos então ao texto no qual Abraão dá o dízimo de tudo a Melquisedeque. Pelo contexto que precedeu os versículos 18-20 claramente entendemos que o dízimo de tudo, dado por Abraão, se referia aos despojos de guerra. Abraão deu o dízimo do que foi conquistado na guerra, não segundo uma ordem divina, e sim segundo a tradição cultural da região em que vivia. Podemos entender melhor isso pelos versículo seguintes:

“Então, disse o rei de Sodoma a Abrão: Dá-me as pessoas, e os bens ficarão contigo. Mas Abrão lhe respondeu: Levanto a mão ao SENHOR, o Deus Altíssimo, o que possui os céus e a terra, e juro que nada tomarei de tudo o que te pertence, nem um fio, nem uma correia de sandália, para que não digas: Eu enriqueci a Abrão;” 21-23
O Ph.D. Russell Earl Kelly, em seu livro “Tem a Igreja a Obrigação de Ensinar a Dizimar?”, esclarece que o versículo 21 trata-se de uma tradição Árabe pagã, na qual os despojos de guerra, deveriam ser repartidos ficando as pessoas conquistadas com o Rei, e os bens conquistados com aquele que os conquistara. Abraão não querendo ficar com nada que fora conquistado na guerra, dá então os 90% que sobraram dos despojos da guerra para o rei de Sodoma.
Do exemplo de Abraão então, nada podemos tirar, pois vemos que o mesmo apenas estava seguindo a tradições culturais de sua época, e não cumprindo mandamentos de Deus. Do contrário teríamos que pensar que, se Abraão dizimou segundo ordem divina, então devemos dar 10% para Deus e os outros 90% para algum rei pagão!
A outra referência sobre o dízimo que encontraremos antes da lei, é com relação ao voto feito por Jacó:
“Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta jornada que empreendo, e me der pão para comer e roupa que me vista, de maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai, então, o SENHOR será o meu Deus; e a pedra, que erigi por coluna, será a Casa de Deus; e, de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízimo.” Genesis 28:20-22
Jacó está aqui, de livre vontade, fazendo um voto com Deus. Sem lei, sem obrigação, sem tradição. Apenas clamando a provisão divina, e prometendo ser fiel, retribuindo a Deus caso o mesmo o abençoe.
São essas então as duas primeiras e únicas referências ao dízimo antes da Lei. Por elas podemos constatar que o dízimo não era uma obrigatoriedade. Foram dois casos esporádicos, sendo 1 por tradição regional, e o outro como um voto particular feito com Deus.
No próximo texto veremos quando o dízimo passou a ser obrigatório para o povo de Israel, como ele era e para que era utilizado!

Anderson L. Santos Costa

A culpa é de quem?

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Nos últimos dias tenho escutado, com certa freqüência, frases do tipo: “foi feito obra de macumbaria na vida dele”, “o inimigo o fez cair”, “você está mexendo com o inferno e o diabo se levantou contra ele por que você não está na igreja”...

Oh Deus, como tem sido provado meu domínio próprio para não dar respostas carnais, pra não dizer chulas, para as pessoas que me importunam com esses jargões manjados dos “soldados” da batalha espiritual.

Tudo isso tem ocorrido pelo fato de uma pessoa que estou ajudando a algum tempo. Se trata de um ex-dependente químico, que após 7 meses longe das drogas teve uma recaída. De pronto foi “revelado” a ele que ele caiu por obra de macumbaria, enquanto outros disseram que foi o próprio coisa ruim que fez com que ele viesse a usar drogas novamente. Porém nenhuma declaração tem mais importância para mim do que a dele mesmo: “Eu fui fraco, troquei Deus pela droga com muita facilidade. Deus estava comigo mas eu quis fazer as coisas do meu jeito, e por isso caí!”

Esse é um tipo de declaração que não ouvimos da boca dos soldados cristãos, que vivem em pé de guerra com o diabo, buscando em Deus mais um general de guerra, do que um Pai misericordioso. Para os que defendem a teologia da “Batalha Espiritual” foi o diabo quem fez meu amigo cair, e mesmo que ele tenha pecado o pecado nasceu no diabo, afinal “o diabo veio para matar roubar e destruir”, dizem os batalhadores!

Por coincidência esta semana mesmo eu vi a tirinha abaixo, que, pra mim, possui uma riqueza de verdade que nem mesmo os maiores pregadores da atualidade têm transmitido a suas “ovelhas”.

Constantemente as pessoas têm procurado alguém para culpar. O relato bíblico do Édem mostra como isso é algo que acompanha o homem desde os primórdios. Na história do primeiro pecado cometido pelos seres humano, Adão culpou Eva que culpou a serpente que não tendo a quem culpar terminou como a maior culpada do pecado, segundo a maioria dos cristãos tem interpretado. É importante notar nesse relato que encontramos em Gn 3, que Deus culpou a cada um dos 3 personagens envolvidos por seus próprios erros. Adão não foi aliviado pelo erro de Eva que não foi aliviada pelo erro da serpente. E o mais incrível é que, de certa forma, Adão tenta jogar a culpa para Deus, quando diz “Senhor a mulher que me deste como companheira, ela me deste do fruto e eu comi”. É como se ele dissesse: “essa mulher ai que o Senhor me deu que me fez pecar, então a culpa é sua Deus!”...srssrsr
Essa idéia transmite exatamente a idéia que a tirinha transmite. A forma como o ser humano é incapaz de assumir suas próprias falhas!

No AT vemos que tudo que ocorria, tanto de bom quanto de mal, era atribuído a Deus. O Deus, segundo a revelação judaica, era criador tanto da paz quanto da guerra, tanto do bem quanto do mal. Como vimos no estudo “O ladrão veio para matar roubar e destruir. E o Diabo?”, após a influência religiosa dos persas a idéia de um ser pessoal e mal fez com que os Israelitas encontrassem um novo culpado. Agora Deus fazia o mal através de um ser mal. O opositor de Israel: “Satan”

No NT com uma maior ênfase na figura de Satanás vemos por diversas vezes seus autores atribuindo a Satanás um caráter de quem tenta o homem, tentando seduzi-lo para dessa forma ser capaz de acusá-lo perante Deus. Porém em meio a todo contexto mítico no qual se desenvolvem os relatos e as exortações do NT, me arrisco a ser contraditório com o que já postei por aqui. Encontramos uma declaração na carta de Tiago que parece ser a essências dos ensinamentos de Jesus, sobre o homem e o pecado:

“Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.” Tiago 1:13-15

Segundo Tiago, o pecado nasce inicialmente no próprio homem. Claramente entendemos que é do próprio homem que flui a tentação para pecar e que cedendo a essa tentação o homem se faz pecador. A partir desse momento, sem dúvida, se o diabo tem a oportunidade de acusar, ele o faz! Podemos entender até com mais clareza o que diz Tiago quando nos lembramos das palavras de Jesus aos fariseus, em um contexto que se discutia sobre a necessidade de se lavar as mãos antes de comer, que era uma das prescrições da lei, oral, judaica:

“Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.” Mateus 15:19

No pensamento Judeu, quando se fala em coração a alusão é a mente, ou seja, onde se alojam os pensamentos humanos. Dessa forma, entendemos que tanto Jesus quanto Tiago, ensinam que é do próprio homem que provém a natureza má e carnal, sendo próprio do homem pecar, mesmo sem a interferência de um opositor maléfico. Quem lê Romanos 7, de forma alguma pode querer transferir a culpa por seus pecados para o Diabo e muito menos para Deus. Antes reconhece como possui uma natureza que luta contra os bons princípios.

O pecado que nasce em nós apenas facilita o papel do acusador, permitindo a ele ter algo contra nós. Dessa forma já passou da hora de abandonar estas idéias medievais e esse desejo desenfreado por viver uma vida no mundo espiritual, e nos concentrarmos mais em nossas vidas, para vivermos como verdadeiros filhos de Deus. O mundo precisa de mais homens como Davi, que perante seu pecado reconheçam: “Contra ti pequei Senhor, contra ti somente”...

Deixem Deus ser Deus, e o diabo ser o diabo. Como diria Jeremias:

“De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.” Lamentações 3:39

E enquanto isso, meu amigo está se recuperando. Ele já constatou quais foram seus erros, e juntos temos pedido para que Deus o ajude a consertar o que foi feito de errado.

Anderson L. Santos Costa

Você tem fé? Pois eu tenho dúvidas!

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Outro dia estava lendo um texto do Prof. Dr. Osvaldo Luiz Ribeiro intitulado “Eu creio na dúvida” e diria que eu concordei com ele em numero e grau. O Dr. Osvaldo faz um exercício que nos leva a repensar por que o princípio da teologia é a fé, sendo que se a teologia se trata de uma reflexão humana sobre Deus ela deveria começar pela dúvida tendo a fé como o fim da mesma. Cito um trecho do texto do Prof. para que sua idéia seja mais clara:

“Ora, se Teologia é mesmo reflexão humana – e o é, toda ela – por que devem os seus amantes começarem pelo fim? Não seria mais aconselhável começarmos pelo começo? E o começo não seria, então, justamente pressupor, sim, que o final pode estar equivocado? Então lá vai o teólogo às línguas originais, para ver se as traduções se salvam, se os comentários têm jeito, essas coisas; depois, à História da Teologia, para ver as mãos e os pés que por ali estiveram, os compromissos que assumiram, os pressupostos que esconderam, o que viram, o que não viram, não quiseram ver. Lá vai ainda o teólogo às ferramentas de leitura e de pesquisa, de reflexão e de juízo, um mundo de competências, difíceis todas, impossíveis, agora, para uma vida, mesmo com Internet, e por isso mesmo...”

Lendo esse texto eu me lembrei da “fase” que tenho passado no último ano, e de como tudo que ele escreveu é uma verdade para mim. Lembro-me que, há muito, tenho tentado compreender as palavras de João:

“Conhecereis a verdade e ela vos libertará”

Mas que verdade? O evangelista João dizia que Jesus era a verdade. Inclusive, ele se utilizou do termo grego "logos", muito utilizado por Heráclito e outros filósofos do século IV a.c como a expressão do conhecimento superior e determinante do mundo, para se referir a Jesus, o logos de Deus. Mas quem conhece realmente o tal Jesus? É feito tanta teologia sobre o simples homem de Nazaré, que é cada vez mais difícil ter certeza de quem ele realmente foi, e de quais eram suas intenções para seus seguidores e a comunidade que desejou iniciar. Este tem sido o meu princípio de dores...na verdade, o princípio das dúvidas...

Quem foi Jesus? O que ele realmente ensinou? O que ele realmente sonhou para o mundo?

Estas foram às questões que me levaram ao “estado” em que estou hoje. Eu tinha as respostas para essas perguntas na ponta da língua, mas nenhuma delas me satisfazia. Nunca fui de aceitar com facilidade as ideias que já vinham prontas e empacotadas, apenas a espera de que eu as "engolisse".Talvez essa seja uma característica que herdei de minha infância, já que sendo criado sem a companhia de um irmão, e por pais sem muita instrução com relação aos estudos, sempre tive recursos limitados para fazer o dever de casa, aprendendo desde cedo, a ser 'autodidata'. A conseqüência disso foi que quando decidi fazer parte de uma denominação cristã, não me senti a vontade para apenas ouvir o que me diziam, mas eu desejei também beber da mesma fonte que os lideres bebiam. Assim, passei a ler muita coisa, de comentários bíblicos a livros de mitologia grega. Não sei até que ponto isso foi proveitoso para mim, mas o que tenho certeza é que a fé, ou as duvidas que tenho hoje devem-se a isso.

Desde então, quanto mais leio e estudo maiores as respostas prontas e maiores ainda as dúvidas por eu não aceitar tais respostas. Tal como Ricardo Gondim, também acho uma grande insinceridade da parte de muitos cristãos afirmarem que não possuem dúvidas sobre Deus, ou sobre o próprio cristianismo, mas que antes crêem em tudo sem titubear. A dúvida é motivo de grande temor entre os defensores da teologia reformada que proclamam a salvação através da fé. Afinal, pensam eles, segundo a teologia paulina, como podem ser salvos aqueles que têm dúvidas sobre sua fé?

Mas me pergunto como é possível que tais pessoas sejam tão crédulas quando temos o relato de que até mesmo João Batista, aquele que vendo Jesus anunciou sem medo que aquele era “o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, um tempo depois, na prisão, teve dúvidas e enviou seus seguidores para perguntarem ao mestre:

“És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro?” Lucas 7:20b

Penso que minhas dúvidas não são motivo de temor. O fato de não ter todas as respostas sobre Deus, ou melhor, de não ter praticamente nenhuma resposta, não significa que eu esteja me afastando dEle. Antes, as dúvidas apenas aumentam meu desejo de conhecer o Altíssimo, e demonstram como sou limitado perante tamanho mistério que é o conhecimento do divino. Contestar as doutrinas da trindade, da inspiração bíblica, da salvação pela fé, dos sacramentos e muitas outras, pode ser considerado como o princípio de pensamentos hereges, mas quem garante que a teologia que já temos não é fruto de heresias primitivas? Afinal, não consigo deixar de fazer um paralelo paradoxal. Como pode o mundo estar caminhando de mal a pior ao mesmo tempo em que supostamente o “conhecimento de Deus” tem aumentado, já que tem aumentado o número de cristãos? Será mesmo que o cristianismo detém restritamente a conhecimento de Deus? Será que o cristianismo tem vivido de acordo com o que prega?

É essa a forma que tenho pensado ultimamente, e são esses os pensamentos que estão me levando pela estrada da revisão teológica do cristianismo. Arrisco-me a ser mais um dos chamados “hereges”, por contestar a “sã doutrina da graça”, mas isso não me importa, pois sei que muitos compartilham desses pensamentos comigo, apenas não estão prontos para encarar as conseqüências que os mesmo possam trazer.

Quem lê o que escrevo já percebeu que desde o primeiro texto desse blog, tenho tentado rever doutrinas aceitas dogmaticamente á séculos, de forma que a maior parte dos cristãos não conheciam outra visão sobre os assuntos tratados, a não ser a forma que já fora ensinada antes. De agora em diante as questões se aprofundaram, pois navegarei por águas que poucos tem se arriscado a navegar abertamente, pelo temor das represálias cristãs. Como deixei claro desde o começo, a intenção de fazer theóslogia não é a de atacar ninguém, e sim de rever pensamentos que talvez estejam errados, de forma que nosso objetivo seja sempre uma aproximação de Deus, procurando saber quem Ele é, e como tem se revelado ao homem. Creio que para isso a dúvida se faz imprescindível, pois uma fé cega e temerosa de se desviar de um caminho que nem conhece, não pode ser tão sincera quanto proclama a dogmática!

Reconhecendo a grande dificuldade do caminho que trilharei faço uma paráfrase de Shakespeare:

“há mais mistérios entre Deus e os homens, do que sonha nossa vã teologia”.

Anderson L. Santos Costa

Teologia de um deus sádico!

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Lendo o texto que transcrevo abaixo, me dei conta que por muito tempo tenho crido em um deus sádico, e que talvez esse seja o momento de rever mais um conceito teológico.

Espiritualidade masoquista, teologia sádica.
Ricardo Gondim.


Para Simone Weil quando o sofrimento atinge níveis próximos do desespero, ele se chama de “infortúnio". Para ela, o infortúnio acontece quando a dor chega, ao mesmo tempo, em três dimensões essenciais da vida: a física, a psicológica e a social.

As dores isoladas não deixam vestígios. A dor física provocada por um dente infeccionado, por exemplo, desaparece, instantaneamente, quando o dente é extraído.

A teóloga alemã, Dorothee Sölle, afirma que nem mesmo a dor puramente psíquica alcança a dimensão do infortúnio, já que “o espírito, que por natureza foge do infortúnio com a mesma imediatidade e o mesmo ímpeto irresistível com que um animal foge da morte, sempre dispõe de suficientes meios de derivação”.

Existem pessoas que sofrem o infortúnio porque estão feridas, simultaneamente, no plano físico, mental e social; estão abatidas porque, junto com a dor corporal, esvai-se também a auto-estima e junto com a baixa estima brotam sentimentos (reais ou imaginários, não importa) de “descenso social”, que solapam a esperança.

O que os religiosos chamam de inferno é o mesmo que a filosofia de Simone Weil considera como infortúnio: a soma do medo de ser proscrito da comunidade, mais o horror de ver-se como um estrangeiro em sua própria cidade, mais as seqüelas da dor física, mais a culpa sem conserto, mais a impotência diante dos processos gigantescos de opressão.

A principal característica do infortúnio é a escravidão, “o desenraizamento da vida, algo que, numa forma mais ou menos atenuada, é equiparável à morte, algo presente na alma de forma inelutável à guisa de agressão ou ameaça direta da dor corporal”.

Uma mulher espancada pelo marido e que convive num ambiente religioso e social que não permite o divórcio, sofre para além da dor; ela está escravizada ao “infortúnio”; vive um inferno. O mesmo inferno do índio tuberculoso quando tosse sangue e é segregado do restante da tribo; ou do iraquiano que depois de enterrar o filho, precisa voltar para os escombros de seu lar; ou do camponês que trabalha na lavoura da cana até a fadiga mortal.

Muito do que já se escreveu como teologia, não passa do esforço monumental de responder ou lidar com o infortúnio. Para Dorothee Sölle, as várias tentativas de responder aos horrores do sofrimento acabaram produzindo, simultaneamente, “masoquismo religioso” e “teologia sádica”.

“Masoquismo religioso” deve ser compreendido como resultado do esforço da teologia de oferecer argumentos que auxiliariam as pessoas em seus infortúnios. E um desses argumentos vem como uma chamada para que se encare a dor como uma pedagogia.

No masoquismo religioso as pessoas são ensinadas a conviverem com um Deus que abate, faz sofrer, permite agonias atrozes, mas, sempre para ensinar alguma coisa. Deus investe no crescimento dos seres humanos e um de seus métodos é fazer padecer.

Então, o objetivo de uma verdadeira espiritualidade seria a aceitação ou resignação aos planos (nem sempre revelados) de Deus para a vida. Sölle menciona em seu livro, “Sofrimento” (Editora Vozes), os argumentos de um pequeno dicionário teológico sobre a responsabilidade do homem [e da mulher] diante do sofrimento:

“Aceitar sem restrições a situação que se abate sobre ele, acolhe-la e integrá-la criativamente e transforma-la (ativo enquanto sofre e sofrendo ativamente) num momento de sua realização própria (o que ver a ser o o posto de um passivo deixar-acontecer), de modo que nele se decida por Deus... Nesse sentido o sofrimento se configura como ‘querido por Deus"’.


Para Sölle, o masoquismo religioso ensina que “o sofrimento está aí para que seja quebrado o nosso orgulho, evidenciada a nossa dependência". Assim entendido, o sofrimento teria como efeito reconduzir-nos a um Deus cuja excelsitude se manifesta na medida de nossa pequenez”.

Infelizmente tal masoquismo se tornou prevalecente na cristandade ocidental; seu propósito aparentemente nobre é convencer as pessoas de que os infortúnios incontornáveis da existência fazem parte de um plano maior, são elos ou engrenagens de um sistema que visa nosso bem eterno. “Assim sendo todo sofrimento é considerado uma provação por Deus enviada, a que devemos submeter-nos”.

Quem aprender a submeter-se passivamente diante das adversidades mais implacáveis, consegue, dentro dessa maneira de pensar, maior consagração. Como o sofrimento significa também punição, as tribulação devem ser compreendidas como castigo divino, conseqüência de pecados antigos, inclusive, do pecado original, cometido por Adão e Eva.

Tal masoquismo tenta, portanto, responder aos infortúnios quando insiste que Deus faz adoecer porque ama, e que mata quando precisa cumprir qualquer propósito. Nesse pressuposto foi possível afirmar que Deus chegou a criar homens [e mulheres] maus para usá-los em “trabalhos sujos” - citam-se o endurecimento do coração de Faraó e a doutrina da dupla predestinação, uns criados para o céu e outros para o fogo eterno.

Essa noção leva a outro extremo: o sadismo teológico. Diante das ambigüidades humanas, diante do recrudescimento constante do mal, não é difícil ensinar as pessoas a se submeterem a uma suposta “pedagogia divina”. Ora, o mal não desaparece, não dá tréguas. O caminho aparentemente mais fácil para lidar com as dores universais seria, então, aprender a confiar que, de alguma maneira, tanta dor sirva para algum propósito – mesmo desconhecido.

Mas para substanciar esse aprendizado torna-se necessário erigir uma concepção de Deus como “agente causal do sofrimento”:

“O Deus propiciador e agente causal do sofrimento converte-se em tema transfigurado da teologia, a qual incapaz de um ardor próprio, dirige o olhar para o Deus atormentador e exigente do impossível. Mal se pode duvidar de que a Reforma tenha reforçado os acentos sádicos da teologia. A experiência existencial assim como fora configurada na mística de um Deus que se posiciona ao lado dos sofredores é substituída por uma sistemática teologia relacionada com o juízo final” .


Por isso, quando confrontado com situação paradoxais como a prosperidade dos ímpios e os infortúnios dos fiéis, Calvino ofereceu uma resposta dramática: "O Senhor engorda os porcos para o abate”; referindo-se obviamente ao juízo final".

Sölle considera que na concepção calvinista do sofrimento há um esforço para preservar a sagrada majestade de Deus às custas da desvalorização da humanidade, sempre retratada de forma monstruosa. Acontece que existe uma incoerência interna no argumento. Se Deus criou todas as coisas e as predestinou para que fossem da maneira que são, ele não poderia se irar contra a perversidade, pois ela fez parte de seu planejamento eterno.

Mas para defender essa percepção, epidemias, guerras e outras angústias são aceitas como castigos que vingam a glória divina, punem os pecados e "educam" os salvos. O sofrimento é, assim, um castigo de Deus que tem propósito. Calvino afirmou: ‘Os povos que vens castigar; os homens foram golpeados por tuas varas através da doença, da prisão e da pobreza, devem ter pecado.

Uma das tarefas da teologia, entretanto, deveria ser a de esvaziar precisamente tais concepções. Deus não justifica a miséria e a injustiça que condena bilhões à degradação sub-humana; os imperialismos e colonialismos alienantes não fizeram parte do projeto criador de Deus e não são dentes das engrenagens escatológicas.

A dor humana é um acinte ao seu propósito de que todos "tenham vida com abundância"; a injustiça será sempre um horror que move Deus a conclamar os profetas a mostrarem sua indignação; as chacinas e os holocaustos são excrescências provocadas pela maldade dos corações humanos e Deus jamais planejou que fossem assim. “Há dores que ultrapassam infinitamente toda forma de culpa. É demasia para todos”.

É mister que se recupere o legado místico da espiritualidade cristã, que não prioriza um teísmo vingador e não aceita o “deus da pedagogia escondida”. Nas tradições espirituais cristãs místicas. Deus é compassivo com o sofrimento e com as contingências, muitas vezes, dolorosas e perversas da história. O clamor dos injustiçados, o sofrimento dos escravizados e as angústias dos marginalizados sobem até os seus ouvidos e provocam sua ira. O sofrimento do mundo magoa o seu coração.

Se houve alguma necessidade de sacrifício para que a maldade não passasse impune, Deus infligiu a si mesmo – “o castigo que nos traz a paz estava sobre ele”. Se o derramamento de sangue era imprescindível para que se satisfizesse a justiça, "o Senhor, tal como uma ovelha que segue para o matadouro", entregou-se pelo mundo.

Deus não é sádico. Ninguém precisa aprender a lidar com os infortúnios com masoquismo. Há esperança!

Soli Deo Gloria.

O Deus, Super-Humano!

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Cansado das teologias protestante, católica e pentecostal, que não diferem em quase nada uma da outra?
Cansado de escutar sempre os mesmos sermões sobre a trindade?
Cansado da chatisse da teologia sistemática?

Não temas! A teologia mórmom está aqui para salvá-lo! Assista o video abaixo, eleve sua imaginação ao infindavel da mente humana, e veja como a marvel não é a melhor em histórias de super heróis!



Mas lembremos...essa é a forma como crêem os mórmons, e por isso deve ser respeitada! Não creio no que diz o video, porém respeito os que assim pensam e crêem!

O ladrão veio para matar roubar e destruir. E o Diabo? (5ª Parte)

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Após 4 postagens analisando a figura de Satanás, tenho tentado corrigir muitos pensamentos, talvez errados, que se criou acerca do mesmo, ao longo de séculos de teologia. Confesso não estar sendo fácil, pois tenho um lado extremamente tendencioso a interpretar a bíblia de forma liberal, e como são poucos os que conseguem compreender tanto a fé, quanto as interpretações liberais, tenho feito o possível para que minhas idéias não contaminem a interpretação dos textos, de forma que a mesma venha a se tornar incompreensível ou contraditória.

Na última postagem apresentei o início de uma idéia, na qual Satanás nunca sofreu nenhum tipo de queda. Ao invés disso, o nosso adversário sempre foi quem e como é. Conforme a pergunta que deixei na ultima postagem, foi Deus quem iniciou com Satanás o dialogo sobre Jó, de forma que podemos entender que Satanás estava apenas cumprindo seu papel perante as declarações do Altíssimo.

Partilho com o judaísmo o pensamento de que Satanás é extremamente submisso a Deus, e isso podemos comprovar pela forma que o mesmo aparece nos textos da antiga aliança.

No AT temos então:

Jó 1:6-12 - Satanás pedindo que Deus toque na vida de Jó e o prove.
Jó 2:1-7 - Satanás pedindo que Deus toque “na carne” de Jó e que o fira com chagas malignas.
I Samuel 18:10 - Um espírito maligno “da parte de Deus” se apossou de Saul e o perturbava.
II Samuel 24:1 - Deus “incita” Davi a levantar o censo.
I Crônicas 21:1 - Satanás é quem “incita” David a levantar o mesmo censo de II Samuel 24:1.

I Reis 22:20-22 – Um espírito pede permissão a Deus, para ser um espírito de engano e induzir o rei acabe, o que era justamente o desejo do Senhor.

Talvez, pelo fato de Satanás ocupar um espaço muito maior no NT do que no AT, tenhamos em mente que o mesmo seja um espírito que se encontra em rebeldia contra Deus, porém no novo testamento também encontramos fortes indícios de que Satanás continua sujeito ao Senhor.

Podemos encontrar essa idéia nos seguintes textos do NT:

Mateus 4:1-11 / Lucas 4:2-13 – Jesus é conduzido pelo Espírito Santo, ao deserto, para ser tentado por Satanás. Ou seja, Satanás estava cumprindo seu papel de tentar o filho de Deus, pois o mesmo precisava passar pelas mesmas tentações que todo homem.

Marcos 5:6 – A legião de demônios presente no homem gadareno se prostrou perante Jesus, em sinal de reverência, apelando para o Altíssimo, que não fossem atormentados por Jesus. Somente um espírito submisso a Deus poderia suplicar ajuda pelo nome do mesmo. No texto paralelo em Mateus 8:28, os demônios perguntam por que estão sendo atormentados antes do tempo. O que nos da a idéia de os mesmos sabiam que estavam cumprindo um papel temporário.

II Coríntios 12:7-9 – O “espinho na carne” de Paulo, é um mensageiro de Satanás, mensageiro esse o qual o Senhor não quis retirar, pois como o próprio Paulo declara, foi lhe dado um espírito na carne, para que o mesmo não se exaltasse. Vemos então que Satanás através desse espinho(seja lá o que isso signifique), está cumprindo um desejo do Senhor, de impedir que Paulo se exalte.

Judas 1:9 – Judas faz alusão ao texto judaico do início do século I intitulado “Testamento de Moisés”. Vemos nitidamente no texto como Satanás está sujeito a autoridade de Deus, de forma que o arcanjo Miguel o repreende somente pelo nome do Altíssimo, ainda assim sem proferir qualquer tipo de injúria contra Satanás.


Não deixo de considerar os textos que falam que o inferno está preparado para o diabo, e que o mesmo virá a ser extinto. Mas como compreendo, sendo Satanás uma espécie de personificação do mal, não vejo dificuldade em Deus o extinguindo, quando chegar o tempo determinado para o fim da maldade e do pecado.

Há ainda outros textos que apóiam essa idéia, em contraste com outros que sugerem uma batalha no céu, como é o caso de Apocalipse 12 e Efésios 6:12-18. Não deixarei de lembrar a dificuldade de interpretação do livro de Apocalipse, devido a sua linguagem simbólica e alegórica. Portanto, o máximo que o mesmo dá com certeza é que o poder de Satanás foi enfraquecido, devido ao ministério de Jesus. Dessa forma o mesmo jaó não tem mais a mesma liberdade que teve no passado, de nos acusar perante o Senhor. Afinal, como bem disse Paulo em sua carta aos romanos “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.”

Com relação a Efésios 6:12-18, é notório que quem está guerreando com os tais espíritos, principados e potestades somos nós, de forma que temos, da mesma forma, a idéia de que Satanás está em oposição ao homem, e não a Deus.

Por que Satanás está em oposição ao homem, e sobre subordinação a Deus? Eis uma das questões que eu gostaria de responder, mas Deus não nos revelou a mesma, então não serei eu que desvendarei o que Deus manteve encoberto.

Seja qual for o motivo, o que podemos tirar como lição prática para nossas vidas é existe um ser, que está subordinado a Deus e que se apresenta em nossas vidas como Acusador, Adversário e Inimigo, mas que de forma alguma pode ser o centro de nossas atenções e muito menos pode se tornar nossa “muleta espiritual”, sendo o responsável por tudo que ocorre de adverso em nossas vidas. Sabendo quem Satanás é, e que o mesmo está subordinado a Deus, devemos procurar ainda mais uma vida de retidão, de forma que quando estivermos sendo confrontados pelo diabo, possamos saber que Deus está no controle e que há algum propósito para tal situação.

Anderson L. Santos Costa

A singularidade da vida de Cristo, e a conduta do homem

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Estou lendo um livro que fala sobre a disputa histórica sobre a divindade/humanidade de Jesus, entre arianos e atanásianos, e resolvi fazer uma reflexão sobre duas ideias que li nesse livro:

“Se a vida de Jesus e seu caráter supostamente serviriam como modelo de comportamento para os cristãos comuns, a principal missão do clero deveria ser a de ajudar as pessoas a se transformarem, e não a de manter a unidade teológica e política do império”

“Seria a tarefa primordial do clérigo ajudar seus membros a se aperfeiçoarem, ou apenas administrar os ritos sagrados e manter a ordem, como fazia o sacerdócio pagão?”

Estas são frases proferidas pelo partido Ariano, que acreditava que Jesus era o filho de Deus, criado do nada, tendo sido a primeira criação de Deus, mas não sendo o próprio Deus. Não entrarei no mérito desta questão, pois a proposta no momento não é a de estudar a humanidade/divindade de Jesus, e sim a de repensar quais as implicações dos ensinos e da vida de Jesus para nós.

Dei um boa filosofada sobre essas frases, e comecei a me perguntar, até que ponto esse pensamento é relevante na minha vida, tendo em vista a minha forma de viver que é norteada pelo que tenho como verdade, ou seja, a minha fé.

Eu costumo torcer o nariz para o entendimento espiritualizado que o cristianismo dá para tudo. Muitos não consideram o caráter, a ética e a moral como atitudes prescindíveis e que devem fazer parte da vida de todo ser humano, e não somente dos que se dizem religiosos. Concordo com o que diz Paulo de Tarso nos versos 14 e 15 do segundo capítulo de sua carta aos Romanos. Penso que independente de Cristo, Buda Ghandi, Moisés, Confúcio ou qualquer outro líder espiritual de sua respectiva religião, e das leis a padrões que são dados por tais religiões, cada ser humano possui em seu coração (entendido nesse caso como sua mente), uma lei de padrões e princípios morais comuns, que regem sua vida, lhe defendendo ou lhe condenando, perante o que é tido como certo e como errado.

O Cristianismo, de uma forma um tanto quanto subjetiva, crê que a “santificação” é operada pelo Espírito Santo, em junção com a colaboração humana, exercendo fé no sacrifício de Cristo. Não discordo 100% dessa idéia, porém vejo que um exagero quanto ao “fator espiritual” tem sido imputado como realidade na mesma. Questões básicas de caráter como a honestidade, companheirismo, profissionalismo relacionamentos pessoais, negócios e outras questões da vida secular tem sido reputadas como ‘áreas’ da nossa vida, nas quais o Espírito Santo é quem nos convencerá de qualquer pecado que venhamos a cometer, mudando nossas atitudes e nos conduzindo assim a levarmos uma vida mais santa e justa.

Esse é um pensamento que me causa muito incomodo, pois me traz a mente a idéia de que na era pré-cristã, a qual o Espírito Santo não se fazia presente na vida de cada crente em Deus, era impossível que as pessoas praticassem o que é justo, e tivessem uma conduta exemplar. É como se o ser humano, devido ao chamado pecado original, fosse incapaz de viver ética e moralmente de forma correta, dentro do possível. ‘Não há um justo se quer’, se refere à posição pecadora do homem perante Deus, que não importa o quanto pratique o que é correto, ainda assim continua a pecar e estar impuro perante Deus. O fato de não se ter justos não tira do homem a responsabilidade de praticar a jusiça. Isso posso extrair de incentivos como os de Paulo:
"Sede meus imitadores, como também eu de Cristo." 1Co 11:1

O próprio Jesus faz um claro discurso sobre a necessidade de se buscar uma vida justa, e digna, praticando o que se tem como boas obras, que é encontrado no evangelho segundo Mateus dos capítulos de 5 a 7. Pobres de espírito, que choram, mansos, que têm fome e sede de justiça, misericordiosos, limpos de coração, pacificadores, perseguidos por causa da justiça, esses são os que Jesus diz serem herdeiros do reino dos céus.E tudo isso, antes mesmo de prometer qualquer tipo de ajudador, como o Espírito. E mesmo quando promete o Espírito como ajudador, Jesus deixa claro que o mesmo os lembraria do que ele já lhes havia falado.

Dessa forma, entendo que a conduta correta do ser humano não é questão de uma influência mística, como se o próprio Deus é quem tenha o dever de operar uma mudança em nós, sendo antes esse um dever moral do homem. O homem que busca um relacionamento com Deus, é quem deve procurara reverter suas falhas. Se o cristão tem Jesus como seu alvo, deve procurar proceder da mesma forma justa que o mesmo procedeu, para se assemelhar a ele, realmente sendo seu imitador. Afinal, se o homem foi criado a imagem e semelhança de Deus, deve buscar, através de seu redentor, a praticar as obras que condizem com essa imagem. Mas ao invés disso o que temos é um cristianismo espiritual que além de esperar Jesus vir até ele, implorando para que o mesmo o aceite, também espera uma ação miraculosa do Espírito, de forma que deixa o homem sempre estático e a espera de um Deus que envia um Salvador, implora para que esse Salvador seja aceito por seus filhos e ainda precisa utilizar seu Espírito no aperfeiçoamento do homem, como se o homem não fosse um participante ativo dessa mudança. Só os tolos não querem servir a esse Deus. Afinal, ele faz tudo o que o homem deveria fazer!

O que devemos através de nosso relacionamento com Deus é obter ajuda do mesmo para praticar o que é correto, porém lembrando que Deus já nos deu uma enorme contribuição no sacrifício vicário realizado por seu filho. Portanto, cabe ao homem praticar a justiça e adorar a Deus, e isso através de seu filho Jesus. Afinal, se há um exemplo perfeito do que é uma vida justa, eis o homem de Nazaré.

Deixo então um pensamento que li, em um de meus devocionais:

“Não devemos impor domínio e controle sobre os outros, e sim sobre nós mesmos”.

Anderson L. Santos Costa

CURSO BREVE DE TEOLOGIA DA PROSPERIDADE E BATALHA ESPIRITUAL

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Vi no blog do Jasiel Botelho e assino em baixo.

1. Amém? Está fraco: AMÉM?
2. Quem quer receber bênção de Deus hoje, levante a mão.
3. Existe a lei da semeadura, e o número da conta é...
4. Meu irmão; você nasceu pra ser cabeça, não cauda!
5. Esse acidente aconteceu porque você deve ter dado brecha.
6. O Diabo quer lhe destruir.
7. Estou vendo uma obra de bruxaria em sua vida.
8. Vamos quebrar as setas inimigas.
9. Nada vai impedir que você seja um conquistador.
10.Não há nada de errado com o dinheiro; o único problema é o amor ao dinheiro. portanto dê o seu para dEUs e seja feliz
11. Nossa denominação ainda vai conquistar o mundo.
12. A partir de hoje São Paulo nunca mais será igual.
13. Nós somos um povo que não conhece derrota.
14. Venha para Jesus e pare de sofrer.
15. Você é filho do Rei e não merece estar nessa situação.
16. Temos a visão de conquistar a Europa para Cristo.
17. Essa doença não existe, ela é apenas uma ameaça do Diabo.
18. Deus está nos dirigindo para abrirmos uma igreja em Boca Raton.
19. Vamos amarrar os demônios territoriais que estão sobre o Brasil.
20. Todos os que fizerem a campanha das sete semanas alcançarão seus sonhos.
21. Compre esta Bíblia fantástica com os comentários de...
22. Estamos num mover apostólico e o avivamento brasileiro é igual ao do livro de Atos.o pior é que ouvi isso em uma igreja tradicional, não tem muito tempo
23. Teremos uma explosão de milagres na maior concentração religiosa da história.
24. Fiquemos de pé para receber o Grande Homem de Deus, com uma salva de palmas.
25. Quando vejo essa multidão de quinze mil pessoas, somente direi eu amo cada um de vocês.
26. O Reino de Deus precisa de um candidato; elegemos nosso irmão que vai fazer a diferença.
27. Deus abrirá uma porta de emprego para você, meu irmão.
28. Semana que vem teremos mais uma sessão de cura interior.
29. Enquanto não pedirmos perdão ao Paraguai, pela guerra, nunca seremos uma nação próspera.
30. Os Estados Unidos são uma bênção porque o presidente deles é crente.
31. Tudo é bijoteria, só Deus é jóia.
32. Não sou dono do mundo, mas sou filho do dono.
33. Este carro ficará desgovernado em caso de arrebatamento.
34. Cuidado olhinho no que vê, cuidado mãozinha no que pega, o nosso Pai do céu está olhando pra você”!
35. Olhe para o seu irmão do lado e diga: Eu amo você! ouvi algo quase assim também em uma igreja tradicional

(Ricardo Gondim)

Fonte: http://jasielbotelho.blogspot.com/2007/12/teologia-da-batalha-espiritual.html

Conselhos para sobreviver ao mundo gospel.

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por Ricardo Gondim
O mundo gospel se torna cada dia mais patético; distante do protestantismo; em rota de colisão com o cristianismo apostólico; transformado numa gozação perigosa; adoecendo e enlouquecendo milhares que são moídos numa engrenagem que condena a um duplo inferno.
Não consigo responder a todas as mensagens que entopem minha caixa postal. Milhares pedem socorro. Eu precisaria ter uma equipe de especialistas, todos me ajudando a atender os que me perguntam: “ a maldição do pastor vai pegar mesmo?”; “é preciso aceitar as patadas que recebo do púlpito?”; “em nome da evangelização, devo aturar esses sermões ralos?”.
Realmente não dá mais. A grande mídia propaga o que há de pior entre os evangélicos com petição de dinheiro, venda de “Bíblias fantásticas”, milagres no atacado e simplismos hermenêuticos. As bobagens alcançaram níveis intoleráveis.
O que fazer? Tenho algumas idéias.
Aconselho que os crentes parem de consumir produtos evangélicos por um tempo. Não compre Cd de música ou de pregação - inclusive os meus. Deixe os livros evangélicos encalharem nas prateleiras - idem, para os meus. Depois que baixar a poeira do prejuízo, ficará notória a diferença entre os que fazem missão e os que só negociam.
Não vá a congressos - inclusive o que eu promovo. Passe ao largo dos "louvorzões". Não sintonize o rádio. Boicote todos os programas na televisão. Não comente, nem critique, a pregação de pastores, bispos, evangelistas e apóstolos. Afaste-se! Silencie! Desintoxique mente, alma e espírito da linguagem, pressupostos e lógicas da "teologia da prosperidade". Volte a ler a Bíblia sem nenhum comentário de rodapé. Alimente seu interior em pequenos grupos. Reúna-se com gente de bom senso.
Estanque seus dízimos e ofertas imediatamente. Repense com absoluta isenção onde vai dar dinheiro. Mas prepare-se; no instante em que diminuírem as entradas, os lobos vestidos de pastor subirão o tom das intimidações. Não tenha medo.
Faça essa simples auditoria antes de investir o seu suor em qualquer igreja ou ministério:
Quanto tempo é gasto no culto para pedir dinheiro?A hora do ofertório vem acompanhada de uma linguagem com “maldição, gafanhoto ou licença legal para ataques do diabo”?Prometem-se “prosperidade, colheita abundante, bênção, riqueza”, para os que forem fiéis?Existe alguma suspeita na administração dos recursos arrecadados? – Lembre-se que há dois níveis de integridade: o ético e o contábil. Não basta manter os livros em ordem; o dinheiro também só pode ser gasto no que foi arrecadado.
Se a resposta para alguma dessas perguntas for sim, ninguém deve se sentir culpado quando não der oferta.
So haverá arrependimento no dia em que os auditórios se esvaziarem junto com uma crise financeira - o monumental ufanismo evangélico precisa deflacionar.
Concordo, ninguém agüenta o jeito como as coisas estão.
Soli Deo Gloria.

O ladrão veio para matar roubar e destruir. E o Diabo?(4ª parte)

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Nas últimas postagens eu executei a parte mais fácil desse estudo. Duvidei e contrariei a idéia que se tem hoje, na teologia cristã, com relação a Satanás. Mas confesso, duvidar do que já está pré - estabelecido é muito fácil, me admira muito que seja irrisório o número de pessoas que o fazem. Em contra – partida tem sido grande a dificuldade, que tenho enfrentado nos últimos dias, na tentativa de apresentar uma nova interpretação acerca de Satanás, não apenas sistematizando uma gama de versículos bíblicos. Tenho analisado diversos textos que falam de Satanás explicitamente, ou que falam simplesmente de “espíritos maus”, o que é o caso de textos da antiga aliança, e tentado extrair, dos mesmos, o que eles realmente estão falando, da forma que fiz na postagem anterior, analisando o contexto dos escritos.

Ainda não será esse o final dessas postagens, pois confesso que quanto mais estudo sobre o tema, mais distante me parece a conclusão do mesmo. Por esse motivo postarei conforme concluir pequenas perguntas. Vamos então ao que interessa!

A primeira pergunta que, com certeza, todos gostaríamos de saber a resposta é sobre a origem de Satanás. Já que na última postagem apresentei uma interpretação segundo a qual Satanás não tem uma origem angelical, tendo se tornado um rebelde opositor a Deus, seria bom explicar qual sua origem. Mas esse é um tema o qual os escritores bíblicos não se importaram em relatar, ou, assim como nós, eles também não sabiam a resposta, exata, para tal dúvida. É por isso que temos a demonologia de Lúcifer. Foi no afam de responder a uma pergunta que provavelmente nem os escritores bíblicos conheciam as respostas, com clareza, que se formou tal teologia, creditando a textos que não falam de Satanás o que seria a “dramatização” de sua origem e queda.

O que podemos saber sobre Satanás é que desde o princípio ele é homicida como relata João, acerca das palavras do Senhor Jesus:

“Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio(archês), e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” Jo 8:44

Temos, no texto citado acima, a ocorrência da palavra “archês” que é traduzida como “princípio”. A palavra archês, é a mesma que João utiliza no primeiro verso de sua versão do evangelho no famoso discurso sobre a origem do logos de Deus:

“No princípio(archê) era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus.” Jo 1:1

Podemos verificar também o uso da palavra archês em outros textos, nos quais a mesma é utilizada se referindo à criação do mundo, ao início das dores e ao início do ministério de Jesus. Vide Mt 19:4; 24:8; Jo 15:27.

Dessa forma, podemos interpretar que desde o início de suas ações, Satanás é homicida. Quando se iniciariam essas ações? Provavelmente no Édem, quando Satanás cometeu um “homicídio” por inferência, ao mentir para Eva, fazendo com que Eva e posteriormente Adão comecem do fruto proibido, o que causou a morte(seja espiritual ou física, não vêm ao caso) do casal.

Outro ponto importante do texto em questão é que o diabo “não se firmou na verdade porque não há verdade nele”.

A palavra traduzida por ‘firmou’ é “estêken” que como pude notar em suas outras aparições no novo testamento traz a idéia de permanecer em um local, ou em uma forma, pode se referir também a uma atitude de ser fiel, firme e constante(Rm 4:14). Em João 1:26, João o Batista a utiliza para declarar que Cristo, estava entre aquelas pessoas. Já em Apocalipse 12:4, a mesma palavra é utilizada quando se diz que “o dragão parou diante da mulher”. Essa idéia ainda tem algo importante a ser considerado, pois a terminação ‘en’ indica um verbo em tempo passado. Dessa forma, o que entendo com relação ao estado do diabo, quanto a não se firmar na verdade é de que ele não estava firmado na verdade justamente por que não há verdade nele. Ou seja, ele é homicida e não se firmou na verdade desde o princípio porque foi justamente dessa forma que Deus o criou. Por mais ‘diferente’ de tudo que conhecemos a cerca das idéias sobre Satanás, o que posso extrair dessa declaração de Jesus, é que ele está falando a seus opositores que assim como o diabo não estava firmado na verdade, mas antes era homicida e mentiroso, sendo o pai da mentira, tendo a mentira como algo próprio de si mesmo, também os que se opunham a ele eram originalmente filhos do Diabo.

Essa é uma declaração que faz muito sentido quando pensamos que cada ser humano já nasce imperfeito, e dessa forma, o pecado e a imperfeição são inerentes ao homem. Não é algo que o homem se torna com o tempo, mas antes algo que o mesmo é desde o nascimento. Fica então claramente compreensível a comparação aos que não crêem em Jesus, com o diabo, alegando que os mesmo são seus filhos. Tanto os homens já nascem pecadores como também o diabo já ‘nasceu’ homicida e mentiroso. Afinal, sabemos que nos tornamos filhos de Deus, a partir do momento que reconhecemos seu filho Jesus, e entregamos nossas vidas a ele.

Se é assim, como pode Deus, sendo bom e justo, ter criado um ser homicida e mentiroso? Essa é mais uma das grandes questões que nos tiram o sono, mas que seja como for, devemos ter em mente que Deus é soberano em suas criações, e tem seus propósitos aos quais não nos cabe contestar:

“Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas.” Isaias 45:7

É claro que no texto de Isaias, o que Deus estava fazendo é um discurso sobre sua soberania e não, discorrendo sobre a criação de Satanás, porém por inferência, sendo Deus o criador do mal, não seria exagero que “pensássemos” em Satanás, como o agente ao qual Deus criou para segundo os propósitos de Deus, executar esse mal. Isso não torna Satanás um servo de Deus? Sim torna. Afinal, sejam bons ou maus, justos ou injustos, todos servem aos propósitos de Deus para o mundo, como podemos ter os exemplos Faraó, Nabucodonosor, Ciro e tantos outros como os povos inimigos de Israel, os quais o Senhor muitas vezes utilizou segundo sua permissão, para executarem juízos sobre os Israelitas.

Podemos ter mais apoio a esta idéia analisando a atuação de Satanás no sofrimento do justo Jó. Sem dúvida o papel que Satanás executa é o de acusador, ou caluniador, pois o mesmo direciona seu raciocínio para mostrar a Deus que Jó não é este servo bom que o Senhor imagina. Inclusive, a própria palavra grega ‘diabolos’ que se tornou um nome pessoal em sua tradução para o português, significa ‘caluniador’.

Esse não é um encerramento da discussão, pois há ainda muitos outros textos os quais estudei que dão apoio a está idéia, porém deixarei os mesmo para a próxima parte. Sabendo que Satanás não é um anjo de Luz que se rebelou contra Deus, e que há a possibilidade de que o mesmo tenha sido criado com o propósito de ser quem é, e sempre foi, veremos na próxima parte se essa idéia é encontrada em outros textos que falam de Satanás. Por hora fica algo a ser refletido: Partiu de Satanás ou de Deus a conversa sobre a integridade de Jó?

Anderson L Santos Costa

 

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