Roubará o homem a Deus? (2ª Parte)

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Na primeira postagem sobre o dízimo, fiz uma breve exposição sobre qual a primeira ocorrência do dízimo na bíblia. Foi mostrado como as primeiras ocorrências do ato de se pagar o dízimo não passaram de questões culturais, ou de votos individuais com Deus, não podendo assim se utilizar os casos de Abraão e Jacó de forma a dar ao dízimo uma obrigatoriedade legal. Portanto, vamos então a próxima pergunta:

Quando o dízimo passou a ser obrigatório? Como era o dízimo e para que era utilizado?


Seguindo pela cronologia bíblica, notamos que a obrigatoriedade do dízimo foi instituída juntamente com a lei de Moisés. Vemos na lei que existiam no mínimo três tipos de dízimo:

Um dízimo do produto da terra para sustentar os levitas, que não tinham herança em Canaã:

“Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do SENHOR; santas são ao SENHOR. Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao SENHOR.” Levitico 27:30-32

“Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao SENHOR em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão.” Números 18:24


Um utilizado para patrocinar festas religiosas em Jerusalém. Se o produto pesasse muito para ser levado a Jerusalém, poderia ser convertido em dinheiro:

“Certamente darás os dízimos de todo o fruto da tua semente, que cada ano se recolher do campo. E, perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao SENHOR teu Deus todos os dias. E quando o caminho te for tão comprido que os não possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o SENHOR teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o SENHOR teu Deus te tiver abençoado; Então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o SENHOR teu Deus; E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa; Porém não desampararás o levita que está dentro das tuas portas; pois não tem parte nem herança contigo.” Deuteronômio 14:22-27

Um dízimo do produto da terra arrecadado a cada três anos para os levitas locais, órfãos, estrangeiros e viúvas:

“Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os recolherás dentro das tuas portas; Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o SENHOR teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem.” Deuteronômio 14:28-29

Concordo com Frank Viola quando ele afirma que o dízimo como instituído pela lei, foi uma espécie de imposto de renda. Afinal, notamos que além do dízimo comum existia também um dízimo que era pago a cada três anos. Dessa forma os israelitas não pagavam apenas 10%, e sim 23,3% pois se fizermos uma proporção anual juntando os dízimos anuais mais os dízimos pagos a cada três anos, chegamos a 23,3% ao ano. Cito ainda Frank Viola em seu livro “Cristianismo Pagão”, no qual ele faz um claro paralelo entre os dízimos instituídos pela lei e o sistema tributário moderno:

“Pode-se traçar um claro paralelo entre o sistema do dízimo de Israel e o sistema moderno de tributação no Brasil. Israel era obrigado a sustentar seus funcionários públicos (sacerdotes), feriados (festivais), e pobres (estrangeiros, viúvas e órfãos) com seus dízimos anuais. A maioria dos modernos sistemas de tributação serve ao mesmo propósito.”

Apenas pelos textos já expostos temos também outra resposta às perguntas iniciais. O dízimo segundo a lei sempre foram alimentos! Mesmo no caso de dificuldade para se levar os dízimos até Jerusalém, o permitido era que se vendessem os mesmo, e ao chegar a Jerusalém o dinheiro fosse revertido na compra dos alimentos necessários para a festa dos dízimos.

Tendo essas primeiras parciais com relação ao dízimo, algumas perguntas já podem, e devem ser feitas a nós mesmos:

Hoje os dízimos nas igrejas são pagos em proporção de 23,3% ao ano?
Parte dos dízimos pagos são utilizados para sustentar os funcionários da igreja, sejam eles pastores, diáconos, zeladores, músicos, faxineiros, etc.?
Parte dos dízimos pagos são utilizados para patrocinar algum tipo de festa religiosa de gratidão a Deus pelos rendimentos adquiridos?
Parte dos dízimos pagos são utilizados para ajudar os pobres?

Analise a igreja na qual você paga seus dízimos, e se as quatro perguntas acima obtiveram não como resposta você já sabe que não é da bíblia que a igreja tira sua base para a prática do dízimo.

Na próxima postagem concluiremos demonstrando qual a aplicação do dízimo aos cristãos.

Anderson L. Santos Costa

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